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  • Foto do escritorAndré Cruz

Você prefere ter paz ou razão? por André Cruz


Não é necessário citar motivos de brigas em relacionamentos para entender como elas ocorrem. Os interesses complementares são os pontos que ligam as pessoas, o que não quer dizer que os envolvidos precisam querer a mesma coisa. Afinal, o polo positivo se atrai com o negativo, o sadomasoquista com o sádico, o dominador com o que deseja ser dominado e assim por diante. O conflito é algo gerado pelo desentendimento, no qual um dos envolvidos, ou todos os envolvidos, não conseguem realizar o que desejaram e, daí, o desentendimento.


"O melhor caminho para uma relação saudável é o diálogo". Isso é realmente bonito, seria mais bonito ainda se as coisas funcionarem assim na vida real. Conversamos quando está tudo bem. No mais, queremos ter razão sobre tudo mesmo. É um mecanismo de defesa do cérebro para lidar com conflitos e resolver problemas. Afinal, toda a construção dos nossos princípios está em jogo, e quando o conflito chega existem duas opções: redefinir alguns valores ou lutar para manter seus valores. Existe uma terceira opção que é deixar tudo como está. Mas não é algo que ocorre durante o relacionamento inteiro. Uma hora alguém há de se mover, e nessas horas você prefere ter paz ou razão?


Obviamente, que nosso bem-estar não deve custar o processo de provar algo para alguém. E isso é a paz. Mas dessa forma, já partiríamos de uma resistência à discussão sem resolução alguma. Se isso não ocorrer, a paz vem da contra essa resistência na necessidade de mostrar a razão ao outro, o que não foge da necessidade narcísica de manter seus princípios e valores intactos (afinal, quem prefere estar errado?).



Uma explicação pode ser repetida incansavelmente por várias vezes, se não estiver dentro do campo de compreensão, em termos de sentido e significado, do outro, a explicação será vã e todo o resto será apenas dor de cabeça. Respeito é compreender a história do outro e que levou o outro a ser como é. O que não necessariamente quer dizer que todos têm que concordar ou aceitar. Porém, viver dando murros em ponta de faca não costuma ser saudável. O grande ponto chave da questão se trata de entender que está tudo bem as pessoas pensarem diferente, está tudo bem não concordarem com a gente e está tudo bem não chegar em uma conclusão.


Temos uma grande dificuldade em aceitar coisas inacabadas, sem explicação e inconclusivas quando, na verdade, a vida se faz disso. Talvez isso explique por que nossas negações falam tão alto quando se trata de algo que está longe da nossa experiência e compreensão. Soa um tanto paradoxal, mas é necessário entender que não se pode entender tudo. Mas se estar certo ou concluir as coisas seja uma necessidade maior, já não estamos mais falando de relações e sim sobre um orgulho que não quer ser ferido.







Ψ Psicanalista 🎧 Produtor musical 📖 Escritor/Compositor



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